sábado, 20 de julho de 2013

Exorbitante

não me foi dada nenhuma originalidade
não sou único
não surpreendo sozinho
tropeço entre análises
inconclusas
se bem que.

auto-análises
confusas, despencadas por
falta de nexo e parâmetro
à espera da batuta alheia,
não a de cualquiera,
sim a de quem escuta
bem arraigado
minha profusão de banalidades

não posso ser crítico
assim, quietinho,
na minha
sem a batuta essa
que enraíza a torpeza
numa ontologia vivaz.

desorbitado, petulante,
exorbitante, pretencioso
o que eu quero mesmo é
pensar-me através de todos
é salvar-me através de todos
(ou morrer nas suas mãos)

quero que as assembleias gerais
de estudantes e trabalhadores
modulem minhas sinapses
me infundam razão

Alex Moraes 07/2013

sábado, 6 de julho de 2013

passa estranho

a melancolia chove no tempo
um contraste amargo e frio
como esse inverno que cheira a lenha
no centro de Montevidéu

chovido de melancolia o tempo
existe no cerne do minuto vivido
bem prosaico, nada épico

chovido de melancolia o tempo
pode ser visto, podemos vê-lo dar
voltas na sala, fluir entre duas janelas

a melancolia se aloja no
tempo e o sentimos ex-discreto
como a garganta inflamada

às vezes, feita tempo, ela
(a melancolia) se instala na frente
                          [da porta
sobre o piso
nas dobras do lençol
no sofá
na cozinha natureza morta
sobre a mesa de vidro
assim, quieta,
dolorindo tudo

chovido de melancolia o tempo
passa     estranho


Alex Moraes - 07/13

terça-feira, 2 de julho de 2013

torpólis anoitecida

luaviza o torpor dos membros.
também assim o das vaginas.

o verbo ousa dia arfeja arrisca
augúrios dissipa decepa angústia.

estreitam-se os corpos se
amassam uns contra outros.

antagonismo lascivo antigonismo
e efêmera ciência:

materialismo do imaginado?
assombrologia? antonimologia do conceito?

E pela manhã não mais voragem
às custas do improvável torpólis reatará
[o impossível

Alex Moraes - 07/2013