sábado, 6 de julho de 2013

passa estranho

a melancolia chove no tempo
um contraste amargo e frio
como esse inverno que cheira a lenha
no centro de Montevidéu

chovido de melancolia o tempo
existe no cerne do minuto vivido
bem prosaico, nada épico

chovido de melancolia o tempo
pode ser visto, podemos vê-lo dar
voltas na sala, fluir entre duas janelas

a melancolia se aloja no
tempo e o sentimos ex-discreto
como a garganta inflamada

às vezes, feita tempo, ela
(a melancolia) se instala na frente
                          [da porta
sobre o piso
nas dobras do lençol
no sofá
na cozinha natureza morta
sobre a mesa de vidro
assim, quieta,
dolorindo tudo

chovido de melancolia o tempo
passa     estranho


Alex Moraes - 07/13

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