sábado, 22 de agosto de 2009

Autoritarismo político no RS - que venha a Anistia Internacional!

Nenhum sistema oculta melhor os desmandos do autoritarismo que a própria democracia. Depois do golpe de Estado em Honduras, os olhos da imprensa e dos organismos internacionais de defesa dos direitos humanos se voltaram para a republiqueta centro-americana e encontraram uma realidade chocante: repressão militar em pleno século XXI! (Ver vídeo “En Honduras no pasa nada”: http://www.youtube.com/watch?v=DRdpvLSjKdU). Ocorre que há anos as oligarquias locais têm sido brutais e intransigentes. Mas antes honduras era "democrática".

A diferença entre Honduras e RS é que, naquele país o povo não votou em quem, agora, o espanca nas ruas. Aqui sim. O Rio Grande do Sul encontra-se, atualmente, em situação crítica. Um governo reacionário, abalado pela crise política está revidando contra a população e atacando garantias democráticas. Assistimos no Estado um claro processo de criminalização dos movimentos sociais. Foram presos pela Brigada Militar dois dirigentes sindicais e uma vereadora de oposição que participavam de protesto em frente à casa da Governadora Yeda Crusius. Nesta mesma ocasião jornalistas foram agredidos e, posteriormente, impedidos de acessar a área judiciária do Palácio da Polícia. A ação policial foi desmedida e a prisão de lideranças sociais soou como claro recado: nas esferas executivas do Estado do Rio Grande do Sul, promove-se uma dantesca promiscuidade entre os conceitos de militante político e meliante.

Há menos de duas semanas, ônibus com manifestantes que vinham do interior do Estado para realizar protesto em frente ao Palácio Piratini (sede do governo Estadual) foram barrados pela Brigada Militar antes de chegar à Porto Alegre. Ato seguido, realizou-se revista dos passageiros e apreensão de cartazes e faixas que continham “mensagens agressivas à pessoa da governadora”. As demandas dos movimentos de oposição não puderam nem sequer chegar às ruas, reverberar na praça pública. Censura. Não vejo outra maneira de definir tal situação. A polícia foi investida do direito de realizar juízos morais para censurar material político. Completamente anormal!

Ontem, dia 21 de agosto, novamente o Estado foi palco de autoritarismo. A Brigada Militar, ideologizada pelo Governo do Estado e pela Secretaria de Segurança, assassinou a tiros um colono sem-terra durante ação de desocupação da fazenda Southall, em São Gabriel (um dos municípios brasileiros com maior concentração de latifúndios: memória viva do subdesenvolvimento). Indícios sugerem que o confronto entre militantes do MST e BM já estava apaziguado quando o crime foi cometido. O colono, alvejado com arma de grosso calibre, estaria de costas no momento do disparo.

A repressão política tende a crescer na medida em que este governo fracassado e ilegítimo (já que fruto da corrupção e do caixa 2) se sinta mais acuado. Para garantir a manutenção do espírito democrático em terras gaúchas, me pergunto se não seria a hora de fazer denúncia à Anistia Internacional.

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