sábado, 10 de dezembro de 2011

Braços que são quase nada

A flor branca da tangerina
debruça-se sobre a janela
do quarto clausurado
dentro, ares de
alcatrão e perfume

É a alcova do meu
despertar convulsivo,
rasgado
pelo arfejo duns pulmões
débeis e grises

Sou espáduas transpirantes,
olhos congestionados,
a crisálida escura no peito,
os pés tortos,
braços que são quase nada,
unhas que crescerão até horas depois
da minha morte.

Sou a velhice precoce e a
jovialidade censurada
que irrompe grotesca;
o jovem-branco-pequeno-burguês que
a estrutura arbitrária
da norma dita e não-dita
tritura sem pesar.

2 comentários:

Salito disse...

Amargo, dulce, severo e louco.
Eis o poeta.
Abraço, Sala.

Alex Moraes disse...

Sala, meu caro, se te extraña. Quando nos veremos, nesse mormaço de carnavais e Porto?