sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

E agora que sou professor?

Engraçado é pensar que hoje sou professor. "Professor! quem diria!?"

Parece tão certo, tão definido: você é professor e pronto, o que faz é ensinar. Parece não ter discussão, as pessoas concordam com isso, eu concordava com isso. Parecia simples até que percebi que tenho em mãos um poder muito grande, ora, mire e veja, os alunos já chegam preparados para receber de mim algum tipo de conhecimento, eles esperam isso. Mães confiam em mim para educar seus filhos!
O que eu ainda não havia me dado conta é que eu posso escolher o que ensinar para eles. Antes parecia simples: eu escolheria os assuntos referentes aos respectivos anos, preparava algumas aulas práticas, umas saídas de campo e pronto. Meu currículo estaria muito bom. Mas aí parei e pensei.
Comecei me perguntando como deveria guiar as minhas aulas para que elas fossem diferentes das outras, para que fossem melhores e dentro das minhas divagações me deparei com outra pergunta, anterior essa, que me revirou, ainda mais, por algumas meia-horas na cama. Precisava definir, antes de decidir como ensinar, o que ensinar e não estou dizendo que fiquei na dúvida entre falar dos ecossistemas ou das transformações de energia em sistemas fechados. Era algo maior que levou algum tempo para que eu pudesse definir. Estava em dúvida se o que eu trabalharia com eles eram os conceitos tradicionais com avaliações periódicas de desempenho do aluno, as velhas aquisições de conhecimentos e memorização de conceitos básicos ou mergulharia no vasto mundo das possibilidades. Possibilidades de trabalhar o conceito contextualizado no mundo muitas vezes pequeno do aluno (papo de "professor-cult"), de trabalhar relações de produção, conscientização, emancipação, identidade, subjetividade, saber-poder, gênero, raça, etnia, sexualidade, multiculturalismo etc. Por um lado me senti fortemente impelido a montar um currículo diferente dos que tinha conhecido até então e, de fato, embrenhei-me na proposta. Mas aí parei e pensei.
Antes de definir o que trabalhar com os alunos, antes de definir os métodos revolucionários que eu estava planejando usar, antes de tudo isso eu precisaria definir um objetivo para esse currículo. Minha primeira resposta para essa pergunta foi rápida: o objetivo do currículo é o aluno. Mas minha cabeça, que não para de me questionar, logo me interrompeu. "Mas qual aluno?" e foi aí que me perdi nas idéias. Antes de definir o que eu quereria discutir com os alunos e como quereria trabalhar com eles precisaria definir o que eu buscava com essas escolhas, lembrando que as conseqüências delas não serão sentidas por mim, mas por eles.
Passei horas no trânsito introspectivo de São Paulo com o rádio desligado e os vidros fechados pensando o que eu queria criar. Os meninos e as meninas deveriam sair do ensino fundamental repetindo aqueles conceitos científicos como se fossem salmos de um grande livro grosso? Deveriam sair prontos para pensar e construir as próprias idéias num mundo em que o tempo para isso é luxo de poucos (que não sabem usá-lo)? Deveriam sair críticos e desconfiados de tudo e de todos? Deveriam sair com consciencia social e ambiental? Deveriam sair como? Mas aí parei e me peri.

fui tomado de angústia, olhei ao redor procurando qualquer alguém, mas estava sozinho como se fosse um paulistano...

pensei em perguntar aos alunos o que eles esperam das aulas, mas pelo pouco que conheço do mundo escola-casa-computador a resposta poderia ser um tanto quanto frustrante.
Se é que me entendem....

ok, obrigado.
Aqui foi meu desabafo...

Um comentário:

Danilo Pulga disse...

é faustão, eh mto dificil tentar induzir qualquer tio de conhecimento nas crianças. Pq temos o medo de não estar sendo correto. Tente praticar com eles a questionamento, mostre pra eles que eles tem todo o direito de discutir e questionar vc. Se eles sabem que podem te questinar, a pressão sobre oq vc esta ensinando se torna menor...
hehehe.. abração Faustão!