quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Chegando...

Atrasada, mas to chegando.

Ok, estou viajando, no Canada. Vou usar daqui para fazer uma especie de diario de bordo, ou talvez so relato de algumas impressoes que preciso dividir, pelo menos por enquanto. Se nao se incomodarem. Sempre que possivel postarei (o que nao vai ser mto frequente, nao to com mto tempo, e tb quero uma certa distancia do portugues nos proximos 4 meses).

No metro, repleto de anuncios publicitarios no alto, de assento vinho aveludado, uma mulher, despenteada, com uma saia longa africana, e todos os casacos que sao necessarios aqui, entrou correndo, recitando poemas com expressoes e jogadas de corpo de performance teatral. Tinha um tique de passar o antebraco na testa. Quando passou em frente a mim, parou, olhou minhas maos, meus pes, meu cabelo, minha boca, minha bolsa, mas nao meus olhos. Como se enxergasse atraves de mim, desfocando os olhos balancou a cabeca como se fosse um pendulo, hipnotizada. Acordou. Num movimento brusco, retirou da grande e pesada bolsa de couro ja desgastada, um livreto de capa preta, impecavelmente novo. Antes de me entregar, retirou uma rosa vermelha, murcha, cujas petalas devem ter sido distribuidas por onde ela passou, talvez dentro da bolsa de couro. Com a flor em cima do livreto, como num pacote, ganhei o presentei. O sinal de que as portas iriam se fechar soou, ela saiu correndo.

O titulo? Nao tinha. Na contra capa, uma folha em branco assinada em letra de mao "Brigida Kalu".

Algumas das coisas que estao escritas la, vou passando aqui...

"Para um video de um amigo...

Corpo de 5 sentidos.

Deitados vestidos em pele e pelo. Cheiro. Quadris guardados com pureza pelo lencol cujas rugas formam linhas que nos une. Uma cobertura despudorada, mas leve. Exalta os limites de tudo que eh exterior aos corpos. Eles se confundem, sao um novo corpo, unico, deformado, numa configuracao que nunca mais vai se repetir.
Pernas entrelacadas, os pes acariciam. Bracos cruzados tocam rosto e cabelo. Olhos fechados permitem embarcar nas sensacoes. Dedos seguem contornos, pelos, pele, cicatrizes, marcas da vida, coracao, respiracao. Descobrem e apreendem a imagem na fluidez da memoria, que faz os seus registros extremamente particulares. Atencao no toque, onde agora, o corpo de resume.
A lingua de textura e deformacao unica eh capaz de se moldar conforme o corpo, consegue investigar externamente minucias interiores. Traz sensacoes onduladas.
A energia da vida da sinais de sua existencia em liquidos escorregadios. Convidativo, agora, eh o massageamento por dentro. Corpo bailarino em sintonia, refletem, em sombra, a harmonia ritmica.
Corpo se converge inteiramente em sensacoes. Sem eu, sem voce, sem mente. So "O Corpo".

Alivio.

Um sobre o outro, respiracao e uma gargalhada." 


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