terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O inesgotável e agora centenário Levi-Strauss

Em uma de minhas passagens preferidas de Tristes Trópicos, Levi Strauss define assim o trabalho antropológico:

Suas condições de vida e de trabalho o isolam fisicamente de seu grupo por longos períodos; pela brutalidade das mudanças que se expõe, ele adquire uma espécie de desarraigamento crônico: nunca mais se sentirá em casa, em nenhum lugar, permanecerá psicologicamente mutilado. Como a matemática ou a música, a etnografia é uma das raras vocações autênticas. Podemos descobri-la em nós, ainda que não tenha sido ensinada por ninguém.”

 

Embora eu não concorde muito com esta descrição demasiadamente romanceada e purista para meu gosto e também que ela não seja muito condizente com os contextos que eu faço minhas ainda desajeitadas saídas de campo, que longe de me obrigarem a dormir em redes desconfortáveis pelas matas do Brasil central como Levi-Strauss fez, me colocam em agradáveis hotéis com meus incansáveis nativos caminhantes, ela pode traduzir, em algum medida, minha experiência proto-antropológica – especialmente quando fala sobre permanecer psicologicamente mutilado.

Mais do que é carregado em sua própria definição, uma ciência é aquilo que seus cientistas fazem. Se aplicarmos esse princípio Geertziano a Antropologia concluímos que: antropólogos fazem etnografia e é justamente no fazer etnográfico que a alteridade, o deslocamente, a frenética busca para evitar receber o rótulo de etnocêntrico – maior insulto do “antropologiquês” -, que reside, também, o terreno mutilador proferido pelo centenário Levi-Strauss. Isso porque fazer etnografia não coloca em xeque nem nativos nem antropólogos, de modo que o problema não está na propriedade substantiva das coisa mas sim na relação entre elas. Meu dicionário ajuda a falar de outro jeito, alteridade é a natureza ou condição do que é outro, do que é distinto. que queria chegar e parar! De que outro estamos falando? Todo outro pressupõe um nós, e quem somos? E quando os nativos não estão nas matas do Brasil central mas sim em ônibus com você rumo a Porto Alegre, no centro espírita que você freqüenta, ou no clube de mães que sua avó participa? Para onde se deslocar quando o nativo está ali na biblioteca que você retira livros? Quais são as conseqüências de ao se deparar com uma situação como essas correr para a torre de marfim da academia?  

me estendi demais nessas notas, pretendo retoma-las em outros momentos e escrever como e quem está me ajudando a digerir isso

 

Um comentário:

م/ الحسيني لزومي disse...

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م/ الحسيني لزومي
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